segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Violência Escolar: O que é? Como Combater?

1. INTRODUÇÃO

No nosso país, desde o primeiro contato com o homem europeu, existe violência. Nossos irmãos índios sofreram isso, com o contato brusco com uma nova cultura que lhes foi imposta. Nossa nação foi uma das últimas a abolir a escravatura, sistema que tratava pessoas humanas como meros objetos apenas por terem uma cor de pele diferenciada.
Os aglomerados urbanos, formados pela má distribuição de renda do nosso país, possuem pessoas vivendo muitas vezes em condições sub-humanas, sem condições dignas de vida, forçando-os muitas vezes a praticar algum ato de violência.
A história nos mostra, portanto, que a violência faz parte da sociedade brasileira, e com esse trabalho, pretendemos mostrar que ela está também dentro de uma das instituições que são a base da sociedade: a Escola. Essa instituição tem o papel de repassar as gerações mais novas conhecimentos e tradições culturais sistematicamente, e, portanto, deveria ser um lugar apenas de coisas benéficas a formação humana. No entanto, a realidade mostra que há sim violência dentro da escola.
Aqui procuramos identificar alguns tipos dessa violência e, através de algumas estratégias, sugerir meios de contê-la.


2. O QUE É VIOLÊNCIA?
O que é violência? Segundo o Dicionário Houaiss, violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força”. No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação”.
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Mas os especialistas afirmam que o conceito é muito mais amplo e ambíguo do que essa mera constatação de que a violência é a imposição de dor, a agressão cometida por uma pessoa contra outra; mesmo porque a dor é um conceito muito difícil de ser definido.
Para todos os efeitos, guerra, fome, tortura, assassinato, preconceito, a violência se manifesta de várias maneiras. Na comunidade internacional de direitos humanos, a violência é compreendida como todas as violações dos direitos civis (vida, propriedade, liberdade de ir e vir, de consciência e de culto); políticos (direito a votar e a ser votado, ter participação política); sociais (habitação, saúde, educação, segurança); econômicos (emprego e salário) e culturais (direito de manter e manifestar sua própria cultura). As formas de violência, tipificadas como violação da lei penal, como assassinato, seqüestros, roubos e outros tipos de crime contra a pessoa ou contra o patrimônio, formam um conjunto que se convencionou chamar de violência urbana, porque se manifesta principalmente no espaço das grandes cidades. Não é possível deixar de lado, no entanto, as diferentes formas de violência existentes no campo.

3. A VIOLÊNCIA NA ESCOLA
Dentro das escolas alguns tipos de violência fazem-se notáveis, dentre os quais podemos citar: violência psicológica, moral, física, racial, verbal, bullyng dentre outras.

• Violência Psicológica (Bullyng):
Dentre os diversos tipos de violência, destaca-se a violência psicológica, ou bullyng, marcada por atos de humilhação, ameaça, isolamento, críticas, intimidação, dentre outros. Esse tipo de violência acarreta danos à auto-estima e pode levá-la a doenças psicossomáticas ou até mesmo ao suicídio. Bullying é uma palavra inglesa que significa usar o poder ou força para intimidar, excluir, implicar, humilhar, não dar atenção, fazer pouco caso, e perseguir os outros.

• Violência Moral:
A violência moral é o desenvolvimento individual de um traço de caráter social historicamente determinado e amplamente estudado por Erich Fromm¹, particularmente nos tipos de caráter das orientações exploradora e mercantil tanto quanto em seus estudos sobre personalidades individuais e sociais necrófilas: a necrofilia é um tipo de agressividade maligna cuja meta e estratégias se caracterizam por destrutividade de coisas e pessoas.

• Violência Física:
A Violência Física é a agressão mais comum, sendo que alguns agressores chegam a amarrar as crianças com cordas ou correntes e espancá-los com objetos como cinto, vassoura, panelas, martelos, etc. A Violência Física engloba ainda outros atos de verdadeiro sadismo, como por exemplo, queimaduras com pontas de cigarro, água a ferver, privação de comida e água. A atitude de agredir, covardemente prevalecida da maior força física dos pais pode resultar em severos traumatismos. São casos onde adultos que batem com a cabeça ou atiram as crianças contra a parede. Muitas vezes essas atrocidades levam à morte.

• Violência Verbal:
A violência verbal consiste em agredir diretamente sem uso de força física. Um agressor pode agredir pelo que diz ou pelo que não diz. Um agressor verbal pode também ofender moralmente o agredido, criticando o seu trabalho, o corpo, ou a forma de realizar determinadas tarefas.


3. ORIGEM DA VIOLÊNCIA

Renato Alves², do NEV-USP, afirma que boa parte da origem da violência está na história recente do país. "A disparada do crescimento populacional das regiões metropolitanas ocorreu entre os anos 1980 e 1990, com maior demanda por serviços públicos, nem sempre atendida pelos governos. E isso é um aspecto gerador de violência",explica.
Outro fator a ser considerado, dizem os especialistas, é o despreparo da escola para atender à população que começou a freqüentá-la, com a universalização do Ensino Fundamental. Segundo Mariane Koslinski³, pesquisadora do Ippur, as redes públicas ainda não sabem como receber esse público mais carente. "A escola desestimula esses alunos e deixou de ser um valor social importante." De acordo com ela, são comuns os depoimentos de crianças que conhecem pessoas da própria comunidade que não estudaram e, mesmo assim, acumularam capital e prestígio.


4. ESTRATEGIAS:
É preciso reconhecer que quando a violência se faz presente na escola é hora de encontrar canais adequados para o inconformismo e a rebeldia, esse é o momento de apontar espaços de atuação onde a contestação própria do educando contribua, de fato, para melhorar o mundo. Para dar vazão à inquietação, é preciso levá-lo a desempenhar atividades significativas que rompam a barreira do individualismo e façam com que ele se sinta parte de uma comunidade maior. A seguir, algumas sugestões de como fazê-lo:
Ações desenvolvidas dentro da escola para o incentivo à leitura e desenvolvimento das habilidades de contar histórias, artes cênicas, expressão corporal, musicalidade e dança.
Feiras de ciências e mostras culturais como forma de divulgar os trabalhos desenvolvidos pelos próprios alunos, alem de estreitar laços entre a família e a escola.
Uso de recursos tecnológicos dentro da escola, facilitando o acesso dos alunos em horários específicos, como intervalo e contra-turno, a fim de desenvolver habilidades que lhes possam ser úteis na vida futura.
Jornada ampliada com atividades diferenciadas no contra-turno, como jogos que desenvolvam habilidades mentais e raciocínio lógico, além de otimizar tempo e qualidade das atividades esportivas desenvolvidas dentro da escola.
Promoção de debates e rodas de conversa com os alunos a fim de torná-los seres críticos e conscientes do seu papel na sociedade, além de fazer deles agentes multiplicadores dos conhecimentos adquiridos na escola.
Promoção de atividades grupais, desde as séries iniciais, que busquem desenvolver laços afetivos, respeito ao próximo e valores éticos e morais da criança.



5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em vez das escolas se isolarem e culparem o entorno pelos seus problemas, devem investir na consolidação de uma equipe unida e determinada, na formação de professores, na aproximação com a comunidade e no acompanhamento dos jovens usuários de drogas ou com dificuldades de aprendizagem. Com isso, criarão uma barreira muito mais duradoura e eficiente do que a formada por grades e cadeados.
Quando a escola tem esse saudável compromisso com sua função social, pode receber tensões do entorno e se deparar com os mesmos problemas que outras, mas os ataca para que não se tornem crônicos e não permite que essa atmosfera negativa contamine o convívio e as relações de aprendizagem. Não se trata de maquiar desigualdades - que precisam ser enfrentadas na escola e fora dela - ou glorificar a pobreza, mas reconhecer o bom combate da Educação travado nas circunstâncias em que ele é mais difícil. A isso se chama paz.





*Trabalho escrito por mim, e apresentado à disciplina de Práticas de Ensino do Curso de Física da Universidade Estadual Vale do Acaraú - Uva, no ano de 2009

Nenhum comentário: